quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Eu não vou estar

Eu não vou estar mais em tua casa,
Nem me cobrirei com teu cobertor,
Não serei abrigo quando precisares,
Não conversaremos sobre o amor.

Eu não vou estar no teu celular,
Não verei filme medieval,
Não abrirei sorriso ao chegar nos sábados,
Nem serei mais seu vendaval.

Eu não vou estar na sala do cinema,
Nem na praça de alimentação,
Quando eu entrar nas lojas de roupas,
Não pedirei mais sua opinião.

Ah, não sou eu quem vou secar suas lágrimas,
Nem acompanhar o seu boletim,
Não vou controlar mais os nossos gastos,
Não usarei mais os teus patins.

Olha, não sou eu que vou comemorar,
A sua primeira conquista no trabalho,
Não vou dizer o quanto cê merece,
Não vou te emprestar meu agasalho.

Meu Deus! Não sou eu quem vai usar teu chuveiro,
Nem gritar "amor, pega a toalha".
Não vou fazer planos sobre o casamento,
Nem juntos vamos visitar a Austrália.

Eu não vou estar dentro do teu carro,
Segurando as fraldas, balançando os braços,
Acalmando o choro, nem tampouco o berro,
De um bebê pequeno que possui seus traços.

Eu não vou estar nem aqui, ali,
Nem tampouco acolá,
Eu nem sei mais por que estou pensando,
Onde eu estarei, ou deixarei de estar.

Acontece que a minha moradia,
É no peito que me abrigar,
Não por temporada, mas pra vida inteira,
Sem a intenção de acabar.

Eu tô meio farto de um amor,
Com data de validade,
Só de março até novembro,
Só pra satisfazer as necessidades.

Passará a virada do ano novo,
Passará os bloquinhos de carnaval,
Depois de beijar outras bocas,
Esquece, é ponto final.


Matheus Araujo Dias

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Dois anos e meio

Depois de dois anos e meio, ontem eu tomei meu primeiro milk shake sozinho,
Olhei as roupas do mostruário sem olhá-las,
Passei na frente daquela lanchonete e até pensei em encarar a jalapeño que tinha no lanche.
Não encarei, da mesma forma que agora não consigo encarar a vida.

Não posso mais me olhar no espelho que não suporto meu próprio reflexo.
Tá claro, escancarado, mais do que evidente que meus olhos suplicam por paz,
Meu corpo suplica descanso, minha mente suplica o silêncio.
Não há silêncio, da mesma foma que agora meu coração grita.

Dois anos e meio pra bem na hora do aperto, tudo explodir,
Sem chance de nos redescobrir, reinventar e agir.
Não dá, não deu, não dá mais...

Dois anos e meio pra ler em uma única mensagem que o amor enfraqueceu,
Que o fogo apagou, o desejo morreu.
Que o respeito agora é de amigo.
Eu paro, leio, respiro, transpiro.

Foram dois anos e meio,
Tempo o bastante pra deixar marcas pra sempre...
Não toca na ferida, é recente.

Matheus Araujo Dias

quarta-feira, 16 de março de 2016

Teoria falha do amor

Já me disseram que eu sou carregado de teorias. Ah, quem me dera...
Queria eu ter uma escapatória para todas as coisas que acontecem em minha vida. Tem situações que claro, você consegue formular, nem que seja em sua mente, qual caminho está traçando. É óbvio. É questão de se pensar pra concluir, ou tão somente refletir.
Mas, este lance de possuir ou não uma teoria é bem complexo. Escolher não refletir, não pensar, ignorar, não significa que você não segue uma teoria. Sua teoria é esta: deixar o tempo tomar conta. As vezes funciona, mas na maioria delas é injusto. 

O fato é que somos seres humanos, pensantes e - às vezes - racionais. Se fizermos joguinhos com nós mesmos a fim de ignorar todas as coisas que nos acontecem com medo de não se embaraçar, veremos que só o fato de nos enganar já nos faz extremamente embaraçados. Não nos tornamos atrativos, sabe? Somos apenas mais um...
Não estou querendo te convencer de que você sempre pode ter o controle de tudo em tuas mãos. Não terá, sabemos! Mas, existem coisas que podem ser claras em nossas cabeças. O amor, por exemplo, ninguém sabe descrever com perfeição a forma em que se propaga, mas quando chega, apenas chega. Sem pedir permissão. Sem deixar dúvidas. Sem deixar ser controlado.
Sabe, o amor é perceptível, aproveita toda e qualquer oportunidade que tem. Ora é justo, outrora injusto. O amor, nos convence de nos permitir, de tentar e recomeçar. O amor, se contrapõe com as nossas razões e simplesmente se acomoda, dizendo através de sua chama mais quente que chegou e veio pra ficar.
Mas tem horas que parece que a razão se engrandece e grita a fim de te convencer: "Ei, acorda! Só valerá a pena todo o amor ficar se for pra somar.". 

E, nestas horas não são as situações, nem amigos, nem romances, nem paixões, nem tampouco desilusões que tiram o amor de dentro de nós. Ninguém assim consegue. As coisas não são substituíveis. Entenda, a única pessoa que pode retirar um amor de dentro de si, é você mesmo. E, quando você começa a pensar nessa possibilidade percebe que o amor não morreu, mas as suas razões ganharam força o suficiente - talvez - pra apagar todo o fogo que um dia permitiu te consumir. 
A dúvida cruel, mediante todas as tentativas - falhas ou não - de parar ou continuar é justamente essa: se for amor, vai voltar ou deveria ficar?
Estão vendo? Não sou tão interessante assim. Dentro de mim ainda existem perguntas sem respostas, sentimentos sem reciprocidade, alternativas sem sentidos.
Sentido.

Para todos os efeitos, a vida precisa de um sentido. 
Matheus Araujo Dias

domingo, 13 de março de 2016

Que maldade!

Vontade, de te pegar no colo,
Te fazer um cafuné,
E dizer no pé do ouvido,
Que tudo isso é passageiro,
E uma questão de fé.

Vontade, de te pedir de joelhos,
Que não deixe o coração gelar,
Que de sua boca saia,
As palavras mais bonitas,
E quem sabe até mesmo cantar.

Vontade, de te olhar bem nos olhos,

Sentir o quão são profundos,
Me mergulhar no teu peito,

Beijar tua testa, em respeito,
Acariciar seus cabelos escuros.

Vontade, de te moldar só pra mim, 

Te acordar com um bom dia,
Presentear com um sorriso, 

Te sufocar no edredon, 
Devolver o ar que respira.

Vontade, de que a minha vontade, fosse a sua vontade,
De que a minha verdade, fosse a sua verdade.
Mas já é tarde?


Agora, não sabemos nem mais o que é verdade.

Só me resta a vontade, que meu peito invade.
Vontade esta que não combina com minha ansiedade,
Que maldade!



Matheus Araujo Dias

A velha oscilação entre o amor e a dor.

Voltar a escrever, significa que a dor voltou. 

Com o passar do tempo espera-se do ser humano que ele amadureça, é bem verdade. Mas, não há amadurecimento que lhe faça escapar de um mal existente, feroz, que precisa ser sentido: a dor. 

Terrível dor.
Ela nos traz grandes marcas, mas também nos traz algumas reflexões. Com isto, algumas respostas nos são dadas, enquanto algumas perguntas ainda permanecem sem explicações, sem fim, sem reposta nenhuma. Seja qual for a situação, a dor estará presente.
Não é pessimismo reconhecer este fato. As vezes, encarar a dor é um caminho tão mais fácil do que se perguntar sempre por que ela existe. Ela existe, fim. Mas há outras formas também de encarar a dor. Se pararmos pra pensar, a dor sempre é resultante das coisas boas. A mágoa, por exemplo, é por acreditar que fulano não lhe causaria nenhum mal. A decepção, é resultante de uma confiança "em excesso" (nunca é em excesso, em outra oportunidade falo disso). E, chegando exatamente no ponto em que desejo, a dor, muitas vezes, pode ser resultante de tanto amor.
Amor.

Ainda sim é amor.
Sabe, eu sempre me pergunto se serei aquela eterna criança que acredita que o amor, mesmo com tantos danos ainda sim é o sentimento mais bonito do mundo. E, grande parte das vezes eu me convenço de que sofrer por amor é a dor mais bonita (e terrível) que o ser humano pode sentir. Isto significa que ele ainda é humano. Ainda se permite amar. Ainda acorda e se reveste de amor pra dar. 

Mas a confusão aí está. 
Quais as características de quem se permite amar? Qual o nível de sinceridade daquele escolhe amar. Ele escolheu amar?
A dúvida volta. O amor estaciona. A dor se renova. O ciclo se repete.

Ah, pequeno coração. Convença-me que tudo isto é amor, inclusive a dor.


Matheus Araujo Dias

domingo, 10 de janeiro de 2016

Enfrente

Faz uma semana que minh'alma suicida-se.
Antes ela do que o fim. 

Mas de que fim estamos falando? 
Do que já se foi ou do fim que enfrentamos todos os dias, 
por empurrar os próprios dias com a barriga? 
É o fim. 

Eu poderia aproveitar essa oportunidade de amadurecer

e não escrever, mas, 
Me limitarei apenas naquilo que se cabe a mim. 
E tudo que cabe a mim, é o fim. 

Sabe, a vida é realmente imprevisível. 

Você passa todos os dias tentando vivê-la da melhor forma,
cuidando do próximo com a força que as vezes nem tem, 
e tudo simplesmente passa. 
menos a dor que agora está em mim. 

E não adianta eu me enganar, 
me deixar levar ou travar, 
prosseguir ou parar, 
todos os dias serão assim, 
caminhando pra um novo fim.

Eu queria ter o controle de tudo que está dentro de mim. 

Por Deus, quanto tempo mais viverei assim,  
com medo, sentindo-me impotente, esperando o próximo "de repente", preenchendo com o vazio o teu espaço, que agora se encontra ausente?

Repense.
Tudo aquilo que vem pela frente, 

merece um rosto sorridente.
Mas pra isso é um leão por dia, 

e para o que vier, enfrente.
Matheus Araujo Dias