sexta-feira, 23 de junho de 2017

Hoje de manhã

Hoje de manhã eu acordei com a dor da saudade... 
Desde o abrir dos olhos já pude sentir que você não estava ali. Mas, não se engane, meu bem... não é saudade de você, mas sim, saudade de quem você se mostrou ser. Saudade de quem você interpretou ser. Saudade do teu esforço diário de ser a companhia perfeita nos dias nublados e a alma leve nos dias ensolarados.
Hoje de manhã eu senti no fundo do peito o peso de tamanha entrega. O peso de dedicar-me tanto a ponto de me perder. O peso de oferecer amor a quem hoje desqualifica qualquer definição desta palavra. 
Hoje de manhã eu compreendi quem você era por detrás do teu celular. Quem você era atrás do medo de que eu tivesse acesso ao que você fazia. Senti um remorso de naturalizar situações como essa e de repetir pra mim mesmo que relacionamento é confiança. 
Hoje de manhã quase nem levantei da cama. Eu sei, parece drama. Aliás, é assim que agora me enxerga. Não me importo, não me sufoco mais com o que pensas de mim.
Mas, o fato é que hoje, justo hoje de manhã, minha cama parecia tão vazia. Meu coração parecia tão deserto. Minha mente parecia estar conturbada.
Detonada.
Abalada.
Perturbada. 
Ei, hoje de manhã, enquanto eu passava meus dedos sobre o meu novo corpo (consequência de tudo que aconteceu), eu senti que cada marca que ali estava presente eu não merecia que estivessem ali.
Hoje de manhã eu compreendi que eu sou inteiro, ainda que eu pareça descontrolado, fragilizado. Mesmo que hoje eu seja assim, ainda consigo entregar tudo aquilo que você já não pode. 
Hoje de manhã eu já sabia que até o fim do dia não nos falaríamos.
Hoje de manhã eu me lembrava que no fim de semana você não estaria.
Hoje de manhã eu relutava pra que hoje fosse apenas mais um dia. 
Mais um dia de saudade de quem nunca existiu.
Mais um dia que eu me lembrava que você partiu... antes mesmo da mensagem. Antes mesmo de tudo acontecer. Ah meu bem, você partiu antes mesmo de chegar. Sua intenção nunca foi ficar.
Hoje de manhã compreendi.
Choro de saudades, mas já lembrei o que é sorrir.  

Matheus Araujo Dias

Nenhum comentário:

Postar um comentário