sexta-feira, 7 de julho de 2017

Quando falta reciprocidade

 
Eu acredito que, provavelmente, você já tenha se apaixonado por alguém que não deveria. Aquele velho clichê de que se apaixonou pela pessoa errada. Isto acontece, inclusive comigo. Mas, no meu caso deixou de ser paixão, tornou-se amor, e só chegou a tal ponto pela permissão de acreditar que um dia era a pessoa certa pra eu construir uma vida inteira juntos. 
  É complicado esta sensação de você depois de tanto tempo com a pessoa tentar convencer a si mesmo de que ela não foi feita pra você. No início, de fato, a inconformidade nos faz acreditar de que todo tempo juntos, foi tempo perdido. Se de fato foi, eu não sei dizer ao certo, mas no geral, as pessoas costumam dizer que tudo tem um propósito e que situações como estas servem para nos deixar mais maduros. 
  Essa teoria toda de maturidade pode até funcionar, viu?! Mas, nem sempre da mesma forma para ambos. Tudo depende do modo como você passa a lidar/enxergar as coisas. Uns, podem compreender o caminho árduo da maturidade que provém de uma profunda dor; já outros podem entender maturidade como não se permitir doer e apenas seguir a vida inconsciente de suas próximas ações. Ainda me questiono se estas duas situações são realmente escolhas ou parte da personalidade/caráter de cada um. 
  E este é o ponto: personalidade e caráter! Em alguns textos atrás já escrevi a respeito disso (aqui), mas, desta vez escrevo com uma premissa diferente. Escrevo a respeito de que quando amamos ou nos apaixonamos pela "pessoa errada", significa que algo nela não nos agrada. Seja sua personalidade ou caráter, alguma coisa lhe incomoda. Algo não é compatível. 
  É claro que também entende-se como se apaixonar pela pessoa errada quando é uma relação de risco: o namorado de sua melhor amiga, por exemplo; aquele carinha (ou mulher) que não gosta do mesmo sexo que você; e assim por diante. Mas, desta vez, quero apenas me atentar ao fato de que personalidades que se confundem não conseguem traçar um mesmo caminho por muito tempo. Aquele velho ditado de que os opostos se atraem podem começar a perder o sentido quando se dá lugar a realidade árdua da convivência. 
  O ser humano quer reciprocidade! Chega uma hora que a gente se cansa de cuidar, quer ser cuidado; Nos cansamos de enxergar os erros dos outros com cuidado e recebermos como retorno julgamentos constantes toda vez que erramos; Nos cansamos de oferecer amor e fazer planos a longo prazo com quem só está interessado na sua satisfação pessoal hoje, e leva a vida sem nenhum propósito acreditando que será melhor assim. E sim, de fato, é melhor (em partes). A dor da perda não é tão grande para quem não depositou tantas esperanças. Em contrapartida, querido leitor, o amor também vem da admiração. E, se você passa a não admirar mais, relaxa, o desapego pra você também acontece, é só questão de tempo. 
   O que eu estou querendo dizer é que a sensação de amar quem não deveria é algo mais comum do que se imagina. O amor nos faz acreditar que as pessoas podem mudar, mas, quando não querem, não vão. Não adianta o quão real seja teu sentimento. Portanto, não se martirize por isso. Pessoas que não podem corresponder a intensidade de seus desejos e sonhos, não podem tirar a tua paz. É difícil, eu sei... mas calma, tudo pode ser questão de tempo. O amor pode te cegar, mas quando não se tem reciprocidade, o tempo tira todas as escamas de nossos olhos, nos permite olhar para nós mesmos e entendermos que não se conformar em desejar pessoas indignas de nosso amor, só nos tornam mais dignos de amores reais e profundos. 
  PS: Não importa o quão dolorido foi a tua relação, ame sempre. Não permita que decepções sejam uma trava impedindo novos amores de chegar.
Matheus Araujo Dias